Vivemos em uma era de constante reformulação de conceitos. A visão etnocêntrica, identificada com a cultura européia e seus grupos étnicos dominantes, vigorou durante muitos séculos e na verdade, ainda hoje, percebemos suas marcas na sociedade da qual somos membros. Ao colocar como referência um único modelo de homem - o homem europeu - com suas idéias, suas linguagens, e suas práticas culturais, vemos que esse modelo, no mínimo, recusa e desvaloriza outras linguagens, outras idéias, outras práticas sociais diferentes daquelas que compõem seu paradigma. Nesse sentido, durante muito tempo o mito da democracia racial, no Brasil, foi (e ainda é) uma estratégia de invisibilização do elemento africano em nossa cultura.

Sabemos que os africanos em sua maioria vieram para o Brasil na condição de escravos. Mas o que ignoramos é que estes mesmos escravos constituíram círculos de produção de saber que colaboraram na promoção de novas possibilidades de intercâmbio, assimilações e analogias com a cultura branca, as quais levaram-nos a fragmentar sua herança original como alternativa social mais viável para assegurar sua pópria existência. Exemplos disso se manifestam na religião do Candomblé, na tradição Iorubá, na gastronomia, na arte, na música, na política e em um sem número de aspectos sociais que tratamos como desimportantes. A proposta da ID Brazil é justamente esse: desvendar conhecimento, abrir mentes para um novo jeito de ver o mundo, de entender o passado e participar do futuro. Nesta edição, vamos explorar juntos essas construções sociais que influenciaram a identidade brasileira.


Venha conosco.

Leandro Gaspar
Editor Chefe