Culto à religião dá origem ao melhor da culinária baiana: conheça o acarajé

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O acarajé tem mais de 300 anos de existência e sua origem vem dos cultos de Candomblé, seu mito vem da relação de Xangô com suas esposas Oxum e Iansã. O bolinho se tornou, assim, uma oferenda a esses santos. Seu nome é uma palavra composta da língua Iorubá: “acara” (bola de fogo) e “jé” (comer), ou seja “comer bola de fogo”.

Ao longo desse período ocorreram várias mudanças, o bolinho já não leva apenas o tradicional bolinho de feijão, a vestimenta branca, a saia rodada e a bata que caracterizam a vestimenta da baiana foram substituídas por outras roupas e a preparação do quitute até então restrito a mulheres passou a ser feita também por homens.

Para as baianas o acarajé é considerado uma comida santa e não pode ser dissociado do candomblé. Por isso sua receita embora não seja nenhum segredo, não pode ser modificada e deve ser feita apenas pelos filhos de santo.

A comercialização do acarajé começou ainda na escravidão com as chamadas escravas de ganho que trabalhavam nas ruas para as suas senhoras (geralmente pequenas proprietárias empobrecidas), desempenhando diversas atividades, entre elas, a venda de quitutes nos seus tabuleiros. O comércio de rua nas cidades brasileiras permitiu às mulheres escravas ir além da prestação de serviços aos seus senhores: elas garantiam, muitas vezes, o sustento de suas próprias famílias, foram importantes para a constituição de laços comunitários entre os escravos urbanos e também para a criação das irmandades religiosas e do candomblé. Muitas filhas-de-santo começaram a vender acarajé para poder cumprir com suas obrigações religiosas que precisavam ser renovadas periodicamente.

As baianas sofrem, cada vez mais, com a concorrência da venda do acarajé em bares, supermercados e restaurantes, que divulgam o bolinho como fast-food. Essa apropriação do acarajé contraria o seu universo cultural original e a sua venda como “bolinho de Jesus” pelos adeptos de religiões evangélicas, que postam Bíblias em seus tabuleiros, têm causado polêmica.

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